Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto.
O nascido neste dia é normalmente divertido, alegre, ousado, dotado de poderes psíquicos, imaginação fértil, versatilidade e também amante da liberdade.
Em virtude de ter os ouvidos muito sensíveis (não gosta de receber ordens), vive constantemente em busca de dinheiro, por vezes de maneiras totalmente inusitadas, sem qualquer medo de correr riscos.
Gosta de estudar e de saber, para poder conseguir atingir seus objetivos com mais facilidade. Viajar por diversão, estudo ou satisfação do ego, também fazem parte da sua personalidade.
É obstinado em seus propósitos (impaciente e impulsivo) e não descansa enquanto não consegue atingir seus objetivos, mesmo que tenha de usar de artifícios pouco convencionais ou prejudicar alguém. Gosta de estar em contato com o público, de preferência sendo o centro das atenções, e no trabalho sente-se melhor em ocupações que o coloquem em contato com pessoas, mas que estas lhe permitam agir e exprimir-se livremente.
As frustrações, principalmente no âmbito profissional, que atrapalham seus planos, causam-lhe insónias, distúrbios psicológicos, falta de controle emocional que podem se transformar em violência.
Quando quer ou é incentivado, consegue resultados fantásticos no terreno profissional, pois tem grande capacidade de discernimento, amplos conhecimentos e satisfação naquilo que faz. Porém, o seu lado obscuro, o lado 'libertino', leva-o a ter muitos começos e poucos fins. Quase nunca é bem sucedido no amor (existe, é claro, as exceções), levando-o a trocar várias vezes de parceiros ao longo da sua duradoura vida.
Não me revejo no que está sublinhado.
Quanto ao último parágrafo...deixa-me preocupada!!!
"Há poemas que nos salvam. Há poemas que nos ajudam a sobreviver. Há poemas que nos ensinam a respirar. E outros que nos ensinam a cair. São esses poemas essenciais da vida de cada um que traremos para as conversas da 'Avenida de Poemas'.
Os versos escolhidos pelos convidados (figuras públicas quase sempre distantes do mundo literário) servindo de mapa para deambulações pelas suas facetas menos conhecidas.
E porque a poesia é "liberdade livre", como escreveu António Ramos Rosa, faz todo o sentido que ela desça justamente à Avenida da Liberdade, ao palco do Teatro Tivoli, uma vez por mês, com o público lá em cima, junto aos protagonistas, no lugar onde as palavras são ditas. "
"Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja."
Quando ele escolheu o nome Tina Turner e a minha mãe concordou, constatei, naquele momento, que ninguém leva a sério uma miúda de cinco anos, ainda que ela seja a menina do papá e todos a tratem por Betinha.
Eu queria chamar-lhe MacGyver, mas a minha mãe explicou-me que era um nome masculino e uma vez que se tratava de uma gata, não era apropriado. Às vezes as mães têm gostos muito estranhos, ela até podia não concordar com MacGyver, que a meu ver estava super na moda mas, concordar com Tina Turner? Espero que o meu irmão nunca tenha contado aos amigos que escolheu esse nome. Espero mesmo.
Nesse dia ele ganhou. Mas quando se tem onze anos é natural que se engane alguém seis anos mais novo, alguém como eu.
A verdade é que aquele era o meu segundo animal de estimação. O pato cresceu e acabou por ser assassinado pela minha mãe. Ainda hoje não como pato. Vi-o pela primeira vez numa feira. Era pequenino e amarelinho. A minha mãe não queria comprá-lo e eu resolvi fazer uma birra. O vendedor acabou por me oferecer o pato. As minha birras deviam ser muito más. Obriguei o meu pai a comprar uma coleira para o pato e passeava com ele na minha rua. O que os pais não fazem pelos filhos... E as figuras que os filhos fazem senhores.
A minha rua, há-de ser sempre a minha rua, palco de muitas brincadeiras.
Vivia no centro da vila. A meu ver , ainda hoje, um dos melhores sítios para se viver. Junto do café, da farmácia, da mercearia, da barbearia e do mercado. Também o médico e o ferreiro viviam na minha rua.
Naquela altura era ver os cavalos e os burros a passarem para o ferreiro. De vez em quando ia lá espreitar, não muitas vezes. Eu tinha algum medo do ferreiro, dizia-se que ele também arrancava dentes às pessoas com um alicate. Suspeito que tenha sido invenção do meu irmão para me assustar.
Gostava de ir à barbearia. Cheirava sempre a um perfume que todos os homens usavam na altura. O barbeiro era muito vaidoso, sempre com um ar muito limpo e aprumado. Às vezes sentava-me na cadeira a olhar para o espelho enquanto ele varria os cabelos que ficavam no chão. A mulher do barbeiro não trabalhava, estava sempre sentada na barbearia ou à porta a fazer renda. Desconfio que ela sabia muita coisa dado o número de clientes que frequentavam o estabelecimento comercial.
No dia de Santos e no dia de Natal batiam à minha porta para me dar uma nota. Já não me recordo do valor, mas lembro-me que dava para comprar muitas pastilhas gorila no café. Nunca tiveram filhos. Sempre cuidaram um do outro com uma extrema atenção.
Considerava os donos do café uma família. Ainda hoje quando lá vou não aceitam o dinheiro do café. Recordo-me daquela vez que lá fui comprar uma caixa de fósforos das pequenas para oferecer ao meu pai. Naquela altura não tinha noção do que era uma prenda. O meu pai fumava, logo uma caixa de fósforos devia ser útil. Embrulhei-a com a minúcia de quem embrulha uma jóia. Guardei-a até ao dia de aniversário. Ao abri-la o meu pai não conseguiu conter o riso , abraçou-me e disse-me que por acaso estava mesmo a precisar. O que os pais não fazem pelos filhos.
Nas noites de verão eu e o meu irmão brincávamos na rua. Eu exibia a minha bicicleta BMX com pratos laterais. Era vermelha porque eu era do Benfica e o meu pai também e foi ele quem comprou a bicicleta. Às vezes os pais têm gostos estranhos.
Andava para cima e para baixo na minha rua. Houve uma dia em que caí à porta do café. Morri de vergonha. O meu irmão em vez de me ajudar correu para casa a contar a notícia em primeira mão. Mais tarde também ele caiu da bicicleta e partiu dois dentes. Eu chorei porque pensei que ele ficar assim para sempre , destentado. Mas não, as coisas resolveram-se. O que os pais não fazem pelos filhos.
Ainda não falei do senhor da mercearia. Aquele que fazia as contas em papel manteiga. Uma vez não deixou o meu irmão levar as compras porque faltava um escudo. O meu irmão jurou que nunca mais lá ia. Então quem é que ele mandava comprar as bombocas?
Este senhor merceeiro também tinha o monopólio da venda de caixões lá na vila. Hoje são agências funerárias. Naquela altura ele só vendia caixões.
A farmácia continua no mesmo sítio. O senhor Alfredo já se reformou. A gerência é nova. O senhor Alfredo não era dali, veio trabalhar para a farmácia da vila quando era novo e ali ficou. Eu gostava do senhor Alfredo. Para além de estar sempre bem disposto, deixava-me cheirar os perfumes da vitrine e eu às escondidas punha um bocadinho no pescoço. Desculpe-me senhor Alfredo.
Já não sei muito bem porque escrevi este texto. Se por saudades de ter cinco anos ou com saudades do meu irmão ter onze.
Leio o amor no livro da tua pele; demoro-me em cada sílaba, no sulco macio das vogais, num breve obstáculo de consoantes, em que os meus dedos penetram, até chegarem ao fundo dos sentidos. Desfolho as páginas que o teu desejo me abre, ouvindo o murmúrio de um roçar de palavras que se juntam, como corpos, no abraço de cada frase. E chego ao fim para voltar ao princípio, decorando o que já sei, e é sempre novo quando o leio na tua pele.
Há vezes em que a outra pessoa é o eixo de tudo o que é possível conceber. Não se pode imaginar para lá dos seus detalhes, a imaginação é menor. Nesse instante, a outra pessoa é uma espécie de Las Vegas. Depois, adormecemos e acordamos a pensar no seu rosto. Mas a outra pessoa não é apenas uma imagem. É um silêncio morno, monstro, a explodir significados que não somos capazes de entender, mas que distinguimos até no centro do nevoeiro mais sólido e que, se for preciso, defendemos até a nossa pele se gastar, até gastarmos a pele e, claro, morrermos.
Ou as pessoas são interessantes ou canso-me facilmente...
Num galho de uma árvore em frente da janela um pássaro estremece como uma pálpebra. Percebe-se que vai chover por uma espécie de respiração húmida no ar, uma boca mais apressada que o costume, quase fria, sem cheiro. As casas perdem a cor, o vento remexe os canteiros com a mão distraída. Não bem vento: um sopro vago, sem rumo, a pensar em si mesmo. Sentado a esta mesa irei chover também?
Desejo a você... Fruto do mato Cheiro de jardim ... Namoro no portão Domingo sem chuva Segunda sem mau humor Sábado com seu amor Filme do Carlitos Chope com amigos Crônica de Rubem Braga Viver sem inimigos Filme antigo na TV Ter uma pessoa especial E que ela goste de você Música de Tom com letra de Chico Frango caipira em pensão do interior Ouvir uma palavra amável Ter uma surpresa agradável Ver a Banda passar Noite de lua Cheia Rever uma velha amizade Ter fé em Deus Não Ter que ouvir a palavra não Nem nunca, nem jamais e adeus. Rir como criança Ouvir canto de passarinho Sarar de resfriado Escrever um poema de Amor Que nunca será rasgado Formar um par ideal Tomar banho de cachoeira Pegar um bronzeado legal Aprender um nova canção Esperar alguém na estação Queijo com goiabada Pôr-do-Sol na roça Uma festa Um violão Uma seresta Recordar um amor antigo Ter um ombro sempre amigo Bater palmas de alegria Uma tarde amena Calçar um velho chinelo Sentar numa velha poltrona Tocar violão para alguém Ouvir a chuva no telhado Vinho branco Bolero de Ravel E muito carinho meu.